“Foi uma tragédia anunciada”, afirma Juliette Dumont, que também é presidente da Associação para a Pesquisa sobre o Brasil na Europa. Sua voz se junta a de tantos outros na denúncia de uma ausência de investimentos na área da cultura e da educação, deixando as instituições em péssimas condições de infraestrutura.
A observação de dois museus no Rio de Janeiro permite a revelação de duas faces do Brasil, para a pesquisadora. O primeiro deles, o Museu Nacional, é o símbolo por excelência da riqueza patrimonial, do “lugar de memória”, como dizia o historiador francês Pierre Nora. “É também a primeira instituição científica fundada no Brasil”, lembra.
O segundo, o Museu do Amanhã, inaugurado em 2015, é a prova de que o mito do “país do futuro” ainda persiste na mentalidade brasileira – fazendo com que, enquanto o passado se torna cinzas, o presente seja a espera infinita por dias melhores. “Até 2015, o Museu Nacional tinha uma verba de 500.000 reais por ano, o que é ridículo para uma instituição desse tamanho e sobretudo se comparado com a do Museu do Amanhã, que foi criado sem acervo. Não se olha suficientemente para o passado no Brasil. Um país que não cuida de seu passado não pode ter um futuro feliz.”